25.2.09

ΣΑΠΦΩ 1

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Simeón Sálomon
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Sinceramente, a minha vontade é morrer.
Por entre abundantes lágrimas,
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afastou-se de mim e disse-me:
"Que horrível sofrimento,
Safo! É verdadeiramente contrariada que te deixo."
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Eu respondi-lhe:
"Vai, não chores, e lembra-te de mim,
bem sabes como te amei.
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Se não, quero ao menos
que lembres tudo o que
de belo e doce nós vivemos.
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Tantas coroas compostas juntamente
de violetas, de rosas e açafrão
com que, a meu lado, te enfeitavas
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e tantas grinaldas tecidas
de belas flores, entrelaçadas
à volta do teu colo tenro
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e tantas ricas essências e o
régio perfume com que
tu impregnavas a minha cabeleira
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e, deitada, num leito
macio, junto a mim,
o desejo aplacavas...
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e nem casamento nem
disputa nem sequer correntes de água
podiam destruir os laços pelos quais estamos unidas.
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Safo / Grecia

10.2.09

ΕΡΑΣΤΕΣ ΚΑΙ ΕΡΩΜΕΝΟΙ

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Erastes e eromenos
Na Grécia Antiga, o erastes (em grego, εραστής = amante) era um homem adulto envolvido em um relacionamento com um adolescente do sexo masculino denominado eromenos.
O relacionamento entre o eromenos e o erastes era muito mais amplo que meramente sexual, como atesta a variação de nomes nas diversas polei. Em Esparta (onde leis regulavam esse relacionamento), era eispnelas, (inspirador). Em Creta, philetor (amigo).
Os eromenoi eram intensamente disputados na antiga Grécia, sendo objeto de brigas de rua e poemas. Alguns dos eromenoi mudavam-se para a casa de seus erastes por algum tempo. O erastes ideal era controlado em seu amor, e sua afeição era expressa em atos de generosidade e simpatia, em contraste com homems que simplesmente procuravam meninos por prazer sexual.
Os antigos gregos valorizavam o período da vida em que os adolescentes eram considerados prontos para esse relacionamento. O eromenos era prezado por sua beleza, porém mais prezado ainda por sua modéstia, esforço e coragem. Platão diz em sua obra Simpósio que os eromenoi eram os "melhores" meninos, que "amam homens e gostam de ser abraçados por homens".
Embora objeto de afeição e paixão, os eromenoi não necessariamente mantinham relações sexuais. Quando presentes, as relações são mostradas na iconografia como manipulação ou sexo intercrural (entre as pernas). O sexo anal parece mais raro, embora suficientemente comum para ser criticado como prática vergonhosa, por feminilizar os jovens que o praticavam.
Ao atingir a maturidade, aos dezoito anos, o 'eromenos' cortava seus cabelos compridos, e deixava a casa de seu 'erastes'. Muitos passavam a ter seu próprio eromenos.
'Eromenos' é tradicionalmente traduzido por 'amado', embora não seja uma boa tradução para o complexo conceito grego original.
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(pt.wikipedia.org)
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O relacionamento sexual entre dois homens era visto de forma diferente em Esparta e Atenas. Em Esparta, uma sociedade guerreira, os casais de amantes homens eram incentivados como parte do treinamento e da disciplina militar. Essas práticas dariam coesão às tropas. Em Tebas, colônia espartana, existia o Pelotão Sagrado de Tebas, tropa de elite composta unicamente de casais homossexuais. Eram extremamente ferozes, pois lutavam com muita bravura para quenada acontecesse a seus parceiros. Em campo de batalha eram quase imbatíveis.
A relação homossexual básica e aceita pela sociedade ateniensese dava no relacionamento amoroso de um homem mais velho, o erastes (amante), por um jovem a quem chamavam eromenos (amado), que deveria ter mais de 12 anos e menos de 18. Esse relacionamento tinha como finalidade a transmissão de conhecimento do erastes ao eromenos, o que era o paradigma da educação masculina, a paidéia (educação).
O eromenos tinha que ser cortejado pelo erastes, receber presentes, até aceitar a relação. Esses presentes tinham caráter simbólico e pedagógico. O galo era símbolo de força e virilidade, ensinando aos jovens o espírito de combate e agressividade. A lebre era entregue ao jovem para que ele a soltasse e saísse em sua perseguição descobrindo o prazer na caçada. Tanto a lebre como o galo eram também símbolos de virilidade, uma espécie de alusão à intensidade de suas atividades sexuais. Presentes de valor pedagógico eram as tabuletas para escrever, os instrumentos musicais, discos de arremesso, os stlengídeos (espécie de raspadores utilizados nos banhos) e os frascos de óleo para ungir o corpo. Alguns presentes constituíam uma prova de admiração, como um vaso com o nome do eromenos inscrito nele, seguido da palavra kalós (belo). Esses vasos eram feitos sob encomenda, mas também havia uma produção industrial especializada, quer contendo a inscrição paîs kalós (belo garoto) – que seria adequada em qualquer ocasião – quer com os nomes dos mais belos jovens de Atenas, pelos quais seguramente havia grande procura por parte dos seus candidatos a erastes. Os primeiros encontros aconteciam sempre nos ginásios e casas de banho, onde o erastes procurava exercitar-se com o eromenos até a exaustão, demonstrando assim sua força física e não somente sua capacidade intelectual.
Não podemos esquecer que tanto o erastes como o eromenos pertenciam a famílias que tinham a mesma posição social e portanto, os eromenos de hoje seriam os erastes de amanhã e participariam ativamente da vida pública da cidade. Esse relacionamento tinha tempo para terminar, ou seja, quando o jovem se tornasse adulto, nesse momento essa relação amante-pupilo se transformaria em uma relação de amizade e o jovem, agora adulto, deveria buscar seu próprio eromenos e no devido tempo deveria encontrar uma fêmea, casar e ter filhos. Não se levava em conta apenas a idade cronológica, mas também sinais externos, como a primeira barba e a resistência física.
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(Luiz Carlos Pinto Corini: Homoerotismo na Grécia antiga- Homossexualidade, mitos e verdades)
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